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Páginas: 200
Idioma: Português

ISBN: 9786500065169

Medidas: 14 x 21 cm

Editora: Editora AC

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Certa vez Jorge Luís Borges disse que publicava os seus textos para parar de corrigi-los. Eu, que há muitos anos escrevo para a minha gaveta, essa interlocutora passiva e dissimulada, entendi o comentário como um conselho. Entendi que as obras são feitas das suas imperfeições, e que temos de optar entre elas e o orgulho.

 

Devo dizer que, mais que um escritor, sou um reescritor. Reescrevo cada texto uma infinidade de vezes. Não sou o tipo de artista explosivo. Pareço mais o cauteloso carpinteiro que procura detalhes precisos a um centímetro da serra feroz. Às vezes encontramos esse detalhe, às vezes perdemos um dedo.

 

Como um carpinteiro, trabalho com brutalidade e delicadeza. Nenhuma matéria-prima é inteiramente dócil — nem a madeira, nem as palavras —, há sempre farpas e imperfeições a serem incorporadas e compreendidas pelo artista e pelo leitor.

 

Ao reescrever muitas vezes esses contos a minha intenção nunca foi a de polir a superfície em busca do brilho ornamental. Como artista, jamais perderia tempo com enfeites. Prefiro, como disse, arriscar os dedos na busca de detalhes preciosos.

 

Esses contos foram feitos assim, no entalhe da matéria bruta, na tentativa de apreender o espírito sutil das coisas. Não são uma coletânea, mas uma família. Não foram catados no monte para fazer volume. Representam variações de um mesmo horizonte onde aparecem a graça e a desgraça da vida. Alguns temas e imagens atravessam essas histórias como um elemento genético, alguns personagens parecem repetir-se, alguns cenários também — talvez por vício, talvez por virtude.

 

A pobre psicologia falaria em obsessões. Eu, porém, prefiro ver tais repetições como temas musicais, que criam e expandem sentidos com suas idas e voltas. Creio que, no conjunto, elas configuram e intensificam certos mistérios relevantes. Não acredito em nenhuma função moralizadora da boa literatura, mas não tenho a menor dúvida de que ela, a boa literatura, reflita essencialmente problemas morais. Daí provêm as limitações (ou imperfeições) inerentes a todos os autores, acima mesmo daquelas de caráter puramente técnico. A escrita não é uma questão de bons modos, mas de sinceridade.

 

Luiz Carreira

A Coisa Fora do Texto (contos)

R$ 60,00 Preço normal
R$ 55,00Preço promocional

"Este é um dos melhores livros de contos que li na minha vida.

 

Não existem personagens rasos neste livro, eles mostram como todo ser humano, por mais vazio que seja, ainda preserva um resquício de graça divina.

 

Luiz Carreira deve sentir-se presenteado com a dignidade de um orgulho justificado, daqueles que levam o artista a dizer sem medo: "Eu conheço a minha arte e sei que ela não é pequena". 

 

O primeiro conto já é um soco no estômago, o segundo, me deixou o corpo tremendo. São perfeitos, e nos outros a excelência se mantém, não há personagens rasos, todo ser humano aqui, por mais vazio que pareça, ainda preserva um resquício de graça divina.  

 

Além de escritos com maestria, esses contos têm todas as qualidades das histórias curtas: unidade, intensidade e finais impecáveis e surpreendentes.

 

Alguns exemplos: Na cena final de A Gorda, a comparação com o quadro de Turner é simplesmente magistral. Se daqui a cem anos alguém quiser saber o que é o "clima" universitário brasileiro, talvez ocidental, bastará ler o conto Magnífico. A História da Escrita é um compêndio do amor ao próximo, na prática, sem idealismos, o amor pelo sofrimento alheio, capaz de nos tornar melhor. Uma síntese dos ensinamentos de Cristo. Sua leitura deixa o leitor sem fôlego, e preso à mais elevada admiração. E, de novo, um final formidável, que nos faz sorrir, e, ao mesmo tempo, nos arrancar algumas lágrimas."

 

Karleno Bocarro, 

(( Autor dos romances As Almas que se quebram no chão e O Advento, tradutor de A história da cultura Grega de Jacob Burckhardt. ))

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"Luiz Carreira apresenta neste livro o seu inegável domínio técnico, que se confirma a cada uma destas narrativas indispensáveis. "

 

Rodrigo Gurgel

(( Professor e escritor, autor, entre outros dos livros Percevejos, ideólogos e alguns escritores e Muita retórica e pouca literatura. ))

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